O artista visual, fotógrafo aéreo e arte-educador Marcelino Melo (1994), conhecido como Quebradinha, vem se consolidando como uma das vozes mais potentes da arte contemporânea brasileira. Nascido em Carneiros, no sertão alagoano, e radicado na zona sul de São Paulo, Melo constrói uma obra que articula memória, território periférico e ancestralidade, transformando experiências coletivas em uma linguagem poética e monumental.
Sua pesquisa emerge das vivências da quebrada, mas ultrapassa o registro documental: é uma afirmação estética e política da periferia como centro de produção simbólica. Em sua trajetória, o artista revisita tradições e afetos comunitários, transformando o cotidiano em gesto de reinvenção - um movimento que tensiona fronteiras e desloca imaginários.
Entre os trabalhos recentes, assinou uma instalação para a ópera Porgy and Bess, no Theatro Municipal de São Paulo, onde transportou o universo de Catfish Row para a realidade das quebradas paulistanas. O gesto teve peso simbólico: cem anos após a Semana de Arte Moderna, o palco do Municipal recebeu uma obra que inscreve as vozes e experiências historicamente silenciadas.
Indicado ao Prêmio PIPA 2025, Quebradinha já teve obras incorporadas aos acervos do Instituto Moreira Salles (IMS Paulista), do Museu das Favelas e do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, onde realizou sua primeira individual, Etnogênese - o que é, e o que pode ser (2024). Sua produção também já circulou em instituições como o MAR Rio, Sesc São Paulo, IMS Paulista e BIENALSUR, em Buenos Aires.
Hoje, aos 30 anos, Marcelino “Quebradinha” Melo carrega em sua trajetória a síntese de muitas travessias: do sertão alagoano às quebradas paulistanas, dos ofícios da rua às grandes instituições de arte, da miniatura ao monumental. Sua obra reafirma uma convicção que atravessa toda a sua pesquisa - as bordas também são centro, e nelas pulsa a força de reinvenção do país.
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