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MIR Lança Edital Mãe Beata de Iemanjá: Fortalecendo a Justiça Ambiental em Comunidades Tradicionais
O Ministério da Igualdade Racial (MIR) anunciou, nesta quinta-feira (3), o lançamento do **edital Mãe Beata de Iemanjá Contra o Racismo Ambiental**. A iniciativa, apresentada no Ilê Omiojuarô, em Nova Iguaçu (RJ), visa reconhecer e premiar 54 projetos que promovam a justiça ambiental, realizados ou em desenvolvimento por Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro e de Matriz Africana. Cada projeto selecionado receberá um valor de R$15 mil.
Relevância e Apoio Institucional para Ações Afirmativas
As inscrições para o edital começam no dia 4 de julho, oferecendo uma importante plataforma de apoio para ações de base comunitária. A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ressaltou a importância do prêmio, especialmente em um ano de COP30. "Esse prêmio é ainda mais relevante em ano de COP30, uma vez que o MIR tem defendido a pauta da participação dos afrodescendentes, povos e comunidades tradicionais e de matriz africana nas negociações sobre clima e meio-ambiente", destacou.
O lançamento contou com a presença da primeira-dama, Janja da Silva, e da Ministra da Cultura, Margareth Menezes. Na ocasião, foi realizada uma homenagem à matriarca do terreiro, Mãe Beata de Iemanjá. A honraria foi recebida por pai Adailton de Ogum, atual responsável pelo Ilê Omiojuarô, que foi tombado em 2015 como patrimônio cultural do estado do Rio de Janeiro.
A primeira-dama, Janja da Silva, enfatizou o papel fundamental das religiões de matriz africana, e em particular das mulheres, como protetoras do meio ambiente e articuladoras de ações de adaptação às mudanças climáticas.
Processo de Inscrição e Alcance Nacional
Este edital é resultado de um Termo de Execução Descentralizada (TED) estabelecido entre o MIR, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Fundação José Bonifácio (FJB), com o suporte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A iniciativa visa fortalecer e reconhecer essas ações como essenciais para a justiça ambiental em todo o Brasil. Serão selecionadas duas ações por unidade da Federação, promovendo a democratização do fomento a iniciativas de base territorial e comunitária.
O prazo para submissão das propostas inicia nesta sexta-feira, 4 de julho, e se estende até o dia 4 de agosto. As avaliações serão conduzidas por uma comissão designada por portaria da UFRJ. São considerados aptos a inscrever as iniciativas a autoridade máxima do povo ou comunidade tradicional de terreiro e de matriz africana, uma pessoa indicada por essa liderança, ou um representante legal da comunidade. O site oficial para o concurso, editalmaebeatadeiemanja.prosas.com.br, estará disponível a partir de 4 de julho para consulta e inscrições.
Mãe Beata de Iemanjá: Um Legado de Luta e Resistência
Mãe Beata de Iemanjá, nascida Beatriz Moreira Costa em 20 de janeiro de 1931, em Cachoeira (BA), foi uma figura central nos campos da cultura e da religiosidade de Matriz Africana, do ativismo antirracista e da defesa dos direitos humanos no Brasil. Em 1985, ela fundou o terreiro Ilê Omiojuarô, em Nova Iguaçu (RJ), um local que se tornou não apenas um centro de culto, mas também um espaço de acolhimento, resistência cultural e mobilização comunitária.
Além de sua liderança religiosa, Mãe Beata atuou como educadora popular e escritora. Sua defesa dos direitos humanos, com foco especial na proteção das mulheres negras e na garantia da liberdade religiosa, transcendeu os limites do terreiro, conectando espiritualidade, meio ambiente, saúde, cultura e política. Engajada em campanhas de prevenção ao HIV/AIDS, combate à violência contra a mulher e promoção da justiça ambiental, Mãe Beata de Iemanjá transformou sua vida em um exemplo vívido da intersecção entre saber ancestral e ação transformadora. Ela também foi presidenta de honra da ONG Criola, uma organização de referência nacional na luta pelos direitos das mulheres negras.
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