Comunidade Da Vila Isabel Vive Noite Apoteótica No Primeiro Ensaio De Rua Para O Carnaval 2026

A última quarta-feira, no Boulevard 28 de Setembro, na Vila Isabel, remeteu aos torcedores à conquista de 13 anos atrás, época da última vitória da agremiação no carnaval. O primeiro ensaio de rua da Azul e Branco para o Carnaval 2026 era aguardado com a mais alta expectativa: seria aclamado na pista tanto quanto fora dela? O intérprete Tinga, em mais uma performance brilhante, confirmou logo na arrancada que a escola cantará uma obra rara.

A composição de André Diniz, Arlindinho e Evandro Bocão se firmou como uma verdadeira joia. Não restam mais dúvidas sobre a força do samba. Tinga e toda a equipe do carro de som demonstraram felicidade e alívio com o material, após a escola ter enfrentado anos com obras de qualidade questionável. A comunidade, conhecida por seu amor incondicional à Vila Isabel, foi um exemplo de alegria e engajamento. Em alguns momentos do ensaio, que ainda é o primeiro do calendário, o carro de som sequer pôde ser escutado. A condução do samba ficou por conta dos próprios componentes, que cantavam em volume altíssimo, fazendo o eco da melodia chegar ao Morro dos Macacos.

Casal E Comissão De Frente Com Exibição Impecável

O trabalho dos coreógrafos Márcio Jahú e Alex Neoral para a Comissão de Frente mescla homens e mulheres para o desfile de 2026. No ensaio inaugural, o grupo simulou a apresentação nas “cabines dos julgadores”, priorizando a dança e explorando menos os efeitos visuais. Formada majoritariamente por jovens, a comissão tem a oportunidade de apostar em um canto vibrante, dada a energia que o samba-enredo exige do início ao fim.

A segurança depositada no casal Raphael e Dandara foi comprovada na pista. Raphael, que foi campeão em 2006, ao lado de Rute, no emblemático desfile “Soy Loco por Ti América”, retornou à escola com maestria. Já Dandara, neta de Martinho da Vila, carrega o DNA da agremiação, encarnando o sangue puro do “povo do samba”. No primeiro treino, a porta-bandeira praticamente voou pela 28 de Setembro, enquanto Raphael riscou o chão com sua elegância tradicional. A dupla teve uma exibição impecável, inclusive simulando a apresentação do pavilhão para a “cabine espelhada”, uma inovação prevista para o Carnaval 2026. O pavilhão utilizado exibia o logo do enredo.

Harmonia, Evolução E Ritmo

O Boulevard 28 de Setembro se tornou pequeno para o imenso carinho e a paixão dos integrantes. Há muito tempo não se via um ensaio da Vila Isabel tão pulsante. A emoção de cantar o samba-enredo era palpável. A pista estava completamente tomada, os setores bem delimitados, e a sensação remetia às grandes noites de 2013, quando a Azul e Branco realizava os melhores treinos do Grupo Especial do Rio de Janeiro.

A qualidade da bateria “Swingueira de Noel” foi impressionante. O trabalho do mestre Macaco Branco e seus ritmistas serviu perfeitamente ao samba e ao intérprete Tinga. O padrão da batida, forte e coesa, é uma marca registrada da escola. O jovem comandante segue consolidando seu nome no panteão do “povo do samba”. A festa dentro da escola se estendeu para a rua, onde a arrancada e o encerramento com muitos fogos brindaram a comunidade, proporcionando um momento de alívio e felicidade diante dos problemas cotidianos do bairro.

Infraestrutura Da Via

Apesar da beleza da festa, é fundamental que o poder público dedique um olhar mais atencioso para a infraestrutura do ensaio da Vila Isabel. A iluminação da via se encontra deficiente, há ondulações no asfalto e poucos agentes para coordenar o tráfego. Seria ideal considerar o fechamento das duas pistas da 28 de Setembro, e não apenas uma, para garantir a segurança, já que a grande presença de público ocupou a maior parte da via que permanecia aberta.

Destaque final para a presença das musas, que cantaram o samba com entusiasmo, preenchendo corretamente seus espaços à frente dos setores. Em especial, Dandara Oliveira, que carrega no corpo e na alma o sangue azul e branco do povo de Noel.

EVOLUÇÃO