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O espetáculo Jabuti, da Coletiva Ori Olá, é uma imersão fascinante nas memórias afetivas e culturais de um povo, tecida com delicadeza e profundidade. A peça, que traz à cena três contos ancorados na tradição nigeriana do povo iorubá, nos convida a embarcar em uma jornada de autoconhecimento e reconexão com as raízes ancestrais.
A narrativa se estrutura em torno da figura do Jabuti, um ser simbólico que, mais do que ser um simples protagonista, representa a ideia de persistência, de sabedoria ancestral e, sobretudo, da resistência.
O espetáculo se destaca pela potência de suas memórias. As cenas são permeadas por um diálogo entre passado e presente, onde o teatro se torna o meio de construção e preservação da ancestralidade. A interpretação dos atores é marcante e repleta de nuances, onde o uso do corpo e da voz vai além da mera representação; é uma verdadeira celebração da oralidade e do ritmo, características fundamentais dessa tradição. Que fica nítida em momentos como a representação dos Orixás: Xangô, Oxum, Iansã e Omolu.
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O cenário e os figurinos, igualmente, cumprem um papel essencial. A simplicidade, aliada à riqueza de simbolismos, transporta o espectador para o universo místico e ancestral dos iorubás. As cores vibrantes e os adereços trazem à tona a vivacidade de uma cultura que se reinventa a cada geração, mantendo-se viva através da memória e da fé.
A trilha sonora, em perfeita sintonia com a proposta estética, é outro ponto de destaque. Composta por sons que evocam a África, os tambores, os cantos, as vocalizações e a dança preenchem o ambiente com uma energia pulsante, intensificando a imersão no universo mitológico e ritualístico que a peça propõe.
Jabuti não é apenas um espetáculo de resgate cultural, mas também uma reflexão sobre a importância da memória coletiva na formação de identidade e na preservação das tradições. Em um momento de apagamento de histórias e ancestralidades, a Coletiva Ori Olá cumpre um papel crucial ao colocar em cena a riqueza e a complexidade da herança africana, que transcende fronteiras geográficas e temporais.
A direção, sensível e cuidadosa, consegue equilibrar elementos tradicionais e contemporâneos, resultando em uma obra que respeita a tradição sem abrir mão da inovação. A peça não apenas se conecta com a memória dos artistas, mas também convida o público a refletir sobre sua própria história e suas raízes.
Em suma, Jabuti é uma experiência estética e sensorial que celebra a cultura iorubá com inteligência e respeito. Um espetáculo que nos lembra da importância de resgatar e contar as histórias que nos formam, para que possamos entender melhor o presente e construir um futuro mais consciente e conectado com o nosso passado.
Larissa Mariano / Drt: 0036778/SP
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